etica do discurso
A ÉTICA DO DISCURSO DE KARL-OTTO APEL
Introdução
Vivemos em nossa sociedade atual uma situação de crise de valores, e, com o avanço das ciências e da globalização nossa prática individual adquiriu uma projeção de nível mundial, e a nossa sociedade passou por profundas mudanças em suas bases e estruturas. A questão dos princípios globais que fundamentem, não apenas, a nossa prática individual, mas também, as instituições sociais como um todo, instituída outrora pelos antigos gregos, recebe agora uma nova resignificação e uma nova formulação diante de tais questões. Qual o papel que a ética e a política devem assumir hoje diante do contexto de sociedades informatizadas, plurais e secularizadas como as nossas?
Nunca na história da humanidade as ações particulares dos homens e das mulheres tiveram conseqüências tão abrangentes, da mesma forma é inédita a situação de sermos colocados diante de uma questão comum e que afeta a todos, igualmente, responsabilizando-nos. Daí a necessidade e urgência de um novo marco teórico, ou seja, uma ética capaz de pensar questões que afetam a humanidade como um todo e a nossa responsabilidade por elas.
Segundo Apel, dois fatores contribuíram de forma decisiva para a configuração de nossa situação histórica atual: o desenvolvimento científico e tecnológico com suas conseqüências globais para a ação humana; o processo de globalização ocorrido em vários setores da sociedade como um todo. De fato existe uma distância cada vez maior entre a preocupação com as conseqüências globais de nossa ação e os interesses políticos, econômicos, ideológicos, etc., que dirigem a nossa prática.
Dizer que o discurso é a forma intransponível de todo pensar, implica dizer que qualquer justificação das ciências (até mesmo da filosofia), pela responsabilidade de nosso pensar e agir, se dá no e diante do discurso. O qual se torna, dessa forma, a instância última de justificação e responsabilização da