Etica Aristotelica e Kantiana
ALGUNS PONTOS DE APROXIMAÇÃO ENTRE A
ÉTICA ARISTOTÉLICA E A KANTIANA
Reinaldo Sampaio Pereira1
RESUMO: Nosso propósito, neste artigo, é aproximar dois modelos éticos distintos, o kantiano e o aristotélico, com o intuito de detectar alguns pontos comuns onde talvez possamos encontrar certo diálogo entre ambos os modelos éticos.
PALAVRAS-CHAVE: Ética. Aristóteles. Kant.
Saltam aos olhos, quando se compara a ética aristotélica com a kantiana, acentuadas diferenças entre ambas, por se tratar, sob muitos aspectos, de dois modelos éticos distintos. Contudo, uma aproximação comparativa entre elas pode revelar também pontos comuns. Nossa intenção, neste artigo, é fazer algumas comparações entre ambos esses modelos éticos. Para tal análise, partiremos do início da Fundamentação da Metafísica dos Costumes (doravante Fundamentação) e do início da Ética a Nicômaco (doravante EN).
O primeiro parágrafo da EN e o primeiro parágrafo da Fundamentação começam a revelar dois modelos éticos em muito distintos. No que concerne à
EN, parece boa estratégia lê-la de uma perspectiva teleológica, tendo como fio condutor um certo telos, um certo fim. Uma vez que a felicidade (eudaimonia), fim último buscado na EN, afigura-se como fim último de toda escolha e de toda ação, a análise investigativa na EN seria desenvolvida para dar conta do que é a felicidade e como seria possível alcançá-la. Nesse sentido, vale observar que a argumentação da EN parece estar fortemente amarrada de modo a toda ela ocorrer a partir dos desdobramentos da busca do que é e como é possível alcançar a felicidade. Após apresentar alguns elementos iniciais que, se não são definitórios da felicidade, já nos possibilitam começar a compreender o que ela seria (como a ideia de fim e, sobretudo, de fim último), Aristóteles sugere (no capítulo 5, ainda do primeiro livro da EN) que a vida feliz a ser buscada pode ser tomada como a
Reinaldo Sampaio Pereira é