etapismo histórico
Jair Antunes*
Desde pelo menos o final da década de 1920 se instalou na historiografia marxista a forte tese de que todos os países passam igualmente pelas mesmas fases históricas percorridas nas sociedades européias ocidentais. Assim, a partir de então, em todos os cantos do planeta se procurou descobrir as origens e os restos de um passado (quando não ainda presente) “escravista” e ou
“feudal” na Ásia, na América, etc. Neste sentido, os países latino-americanos, por exemplo, por não terem desenvolvido as forças produtivas tanto quanto os Estados Unidos ou os países europeus foram considerados como países atrasados, coloniais ou semicoloniais, pois não teriam ainda conseguido romper com o passado feudal.1
Esta interpretação da história da América Latina e da Ásia como feudais tem, segundo
Hector Benoit, origem no VI Congresso da III Internacional Comunista de 1928: a interpretação de um passado “asiático” na Rússia e na China foi condenada e, se apoiando dogmaticamente em
Lênin, os historiadores oficiais russos proclamaram a tese de que os países asiáticos e latinoamericanos de um modo geral eram atrasados e deveriam ainda desenvolver suas próprias forças produtivas para alcançarem sua etapa capitalista.2 Poucos anos depois, em 1938, Stalin fundamentaria esta teoria em seu escrito Sobre o materialismo histórico e o materialismo dialético, em que expõe, de forma clara, a teoria da passagem necessária de um modo de produção a outro como interno a todas as sociedades sem, no entanto, fazer referência à categoria de modo de produção asiático.3 Ao estabelecer esta sua teoria da linha histórica universal pela qual todos os países, necessariamente, deveriam passar, Stalin justifica dizendo estar amparado na teoria dos modos de produção de Marx e Engels.
Desta forma, perguntamos: estaria totalmente errado Stalin ao afirmar estar embasado nos fundadores do marxismo quando estabeleceu a