Etanol o mundo quer
O álcool virou a principal estrela do mercado energético global -- e nenhuma economia tem tanto a ganhar quanto a nossa Lia Lubambo
Usina Vale do Paranaíba, em Minas Gerais: modernidade
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Por Alexa Salomão e Marcelo Onaga
EXAME A negociação foi mantida em absoluto sigilo por seis meses e concluída com discrição na manhã de 10 de junho. Na sala de janelas largas de um prédio comercial em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, estavam apenas o holandês Auke Vlas, representante da trading americana Cargill, maior comercializadora de alimentos do mundo, e o empresário Maurílio Biagi Filho, um dos mais importantes donos de usinas de álcool e açúcar do país. O encontro foi rápido -- Vlas trouxe os documentos já assinados e Biagi preencheu as poucas linhas que lhe foram reservadas. A partir daquele momento, o empresário retirou-se da Cevasa, indústria por ele fundada em 1999, e a Cargill finalmente assumiu o controle de uma usina no Brasil, após quase dois anos de tentativas. O detalhe mais revelador do negócio é o fato de a Cevasa não produzir um único grama de açúcar, apenas álcool combustível -- o etanol. Com a aquisição, a Cargill ingressa em um novo ramo de negócios no Brasil, o de energia. Sua principal concorrente, a Bunge, também tem feito prospecções no Brasil e, segundo especialistas, deve anunciar em breve uma compra semelhante.
O Brasil no centro da revolução energética
Nos últimos anos, uma forte escalada no preço do petróleo, principal produto da matriz energética global, tem levado o mundo a buscar alternativas. O álcool desponta como a principal promessa
A disparada do preço do petróleo...
Preço do barril de petróleo (em dólares)
2000
27
2001
23
2002
25
2003
29
2004
37
2005
54
2006
75(1)
1) Em abril
Fontes: Unica e Energy Information Administration
...Abriu espaço para o álcool brasileiro...
Exportação de álcool (em milhões de litros)
2000
95
2001
545