Estória
Havia marcas de unhas em seu pescoço o que ele tratou de esconder com o colarinho da camisa, aprumando-o bem no alto do pescoço. Apertou o nó da gravata e deixou o quarto. Engoliu qualquer coisa na cozinha e enfim sentiu o ar da manhã a entrar por seus pulmões, dando-lhe uma réstia de vida.
Em sua cabeça repassava a agenda do dia e sentia-se feliz por não ter tempo de ter tempo algum. E assim foi. Não teve tempo de nada além de analisar o as oscilações do mercado e posicionar seus investidores quanto ao humor do grandalhão.
Não atendeu nenhuma das 35 ligações que recebeu de sua esposa. Não tinha cabeça para conversas fúteis. Não naquela altura do campeonato.
Ela não se levantou. Não havia motivo para fazer tanto esforço. A dor de cabeça provocada pelo uísque ingerido na tarde anterior era tamanha que preferiu ficar na cama o dia inteiro, de cortinas fechadas. Pediu a empregada que lhe servisse o almoço no quarto, e passou a tarde inteira infernizando a secretária do marido.
O uso do remédio junto com a bebida alcoólica não lhe deixava nada bem e seu estado era catártico. Sua mente estava bagunçada por pensamentos de toda ordem,desde vontade de morrer até vontade de matar o marido. Estava assustada consigo mesma, com medo da solidão e do mundo. Queria ser escutada mas nos últimos meses, por conta de seu comportamento impulsivo e agressivo, todos à sua volta haviam se afastado. Ela estava só, literalmente