Estudos
Pediram café, que beberam a olhar o relógio, porque Pedro tinha uma reunião, para a qual estava muito atrasado.
Pedro apanhou um táxi. Filipe dispensou a boleia. Subiu o Chiado a olhar as montras e a esquecer o azar de Joana.
Entrou na Igreja da Encarnação, onde se deixou ficar a olhar os santos, os frescos e a talha dourada.
Saiu a pensar ir até à Bénard tomar um chá e comer um éclair de baunilha, fresco e leve, mas anoitecia e deixou que os seus passos o levassem até ao Bairro Alto.
Andou por ruas e ruelas estreitas, entrou em lojas de bric-a-brac, onde se esqueceu do tempo. Caiu a noite que adormecia a cidade todas as noites. Na rua, os candeeiros brilhavam: um brilho que rasgava a noite e afastava as sombras – os medos também. De repente, deparou com a casa de fados onde conheceu Joana. A porta entreaberta fê-lo espreitar: lá dentro, a sala quase vazia, sombria, fazia sobressair as quatro mesas redondas, tapadas com toalhas cor de terra, sete cadeiras fora de moda, um balcão acanhado e o chão que não via cera há muito tempo. Nas paredes um quadro a sobressair de cor entre aqueles tons sombrios.
Recordou-se daquela noite, daquela sala: das cores dos vestidos das mulheres, das conversas. Recordou-se do cheiro a velas queimadas, a chouriço assado, a caldo verde, a vinho rasca. Recordou-se do ambiente, da fadista de vestido negro, de voz soberba, cuja voz trinava. Lembrou-se dos gritos “ah, boca linda”. Sorriu às lembranças e olhou com tristeza a sala, agora vazia de risos, de odores, de sentimentos. tempo vai apagando das memórias que teimam em resistir! Lembro-me de um grupo a que pertencia, uma data de jovens que se queriam divertir: o divertimento naquela época dava