Estudos Urbanos
É possível dizer que os textos de Marcelo Lopes de Souza e Fustel de Coulanges tratam, por diferentes perspectivas, sobre o mesmo assunto. Desta forma, a construção da cidade pode ser vista de duas maneiras, por uma análise econômica e por uma análise cultural.
Do ponto de vista de Souza, as primeiras cidades fazem seu aparecimento no Período Neolítico, na chamada Revolução Agrícola, quando o homem inicia a prática da agricultura e consequentemente vão surgindo os primeiros assentamentos sedentários, que mais tarde se tornariam as primeiras cidades. Portanto, inicialmente, a produção era voltada para a subsistência do próprio local, e à medida que se expandia, gerando um excedente alimentar, começou a ser possível que certos indivíduos se desvinculassem da produção e se dedicassem a outras funções. Nesse contexto, começaram a surgir também as trocas comerciais entre uma população e outra, o que contribuiu para o surgimento da manufatura especializada e da sequente transformação e desenvolvimento das cidades até os dias atuais.
A visão de Coulanges, traz uma perspectiva a partir do ato religioso, onde na realidade a urbe era fundada em um só dia. Porém para que isso acontecesse, era necessário que a associação religiosa e política das famílias, ou seja, a cidade, já existisse. A urbe, que era o lugar de reunião de uma sociedade, era fundada por meio de um ritual que não poderia ser feito sem consultar os deuses, a locação era sagrada, os limites eram invioláveis e o povo nunca deveria abandona-la. De tal forma, nada de comum se admitia entre duas cidades, a não ser que os deuses de cada uma fossem aliados.
Buscando um ponto em comum entre os dois autores, é possível dizer que tanto pela apresentação econômica, quanto pela religiosa, a verdadeira face do surgimento da cidade era o interesse em comum entre as pessoas. Seja por se identificarem religiosamente, seja pelo interesse na melhoria de vida, o ponto chave é que esses grupos que se uniam em prol