Estudos sobre a gramaticalização das conjunções no português do brasil
Carla Daniele Saraiva Bertuleza[2]; João Bosco Figueiredo-Gomes[3]
RESUMO: É sabido que a gramática tradicional trata as conjunções como uma classe fechada cujos elementos servem apenas para relacionar termos ou duas orações, sem preocupação com os fenômenos de mudança ̸ variação e com as funções desempenhadas. Esta investigação tem como objetivo analisar as manifestações de gramaticalização das conjunções resultantes dos estudos difundidos na literatura linguística brasileira. Foram realizadas coletas e análises de estudos empíricos, apresentados em publicações eletrônicas de teses, dissertações, monografias, livros, anais de eventos, artigos em periódicos, entre outros. Focaliza as trajetórias de regularização caracterizando quanto a: direção e esquemas formais ̸ semânticos; categoria fonte e as funções (gramatical/pragmática/discursiva) derivadas; processos/mecanismos de mudança envolvidos; dimensão cronológica (sincrônica, diacrônica e pancrônica). O cruzamento das variáveis envolvidas foi feito por meio do programa SPSS para o cálculo de freqüência e correlação dos fatores. Os resultados empíricos revelam a tendência unidirecional de gramaticalização advérbio > conjunção, seguindo a escala de abstratização ESPAÇO > TEMPO > TEXTO.
PALAVRAS-CHAVE: Funcionalismo. Gramaticalização. Trajetória. Conjunção. Unidirecionalidade.
INTRODUÇÃO Assumindo a língua, portanto a gramática, como dinâmica, emergente, um sistema cujas estruturas linguísticas, por influências decorrentes de situações interativas reais, vão variando, mudando e regularizando-se, sabemos que as formas linguísticas tendem a ajustar-se às necessidades informacionais dos falantes, gerando variações ou mudanças de itens ou construções lexicais. Diferentemente da gramática tradicional, esses fenômenos, cada vez mais, são estudados à luz do Funcionalismo Linguístico, no intuito de dar conta desse dinamismo,