Estudos Disciplinares -
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire.
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— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
O poema de Manuel Bandeira apresenta aspectos da vida cotidiana e palavras do dia-a-dia. É possível perceber que há uma linguagem popular, que são características do Modernismo em todo o poema.
Manuel Bandeira tinha sido desenganado pelos médicos por causa da tuberculose, mas com seu dom poético mantinha sempre o lado humorístico. Percebo que em todos os trechos do poema há uma linguagem melancólica e ao mesmo tempo humorística, acredito que seria uma forma de fugir de sua realidade. Todos os versos são livres e uma aproximação entre a língua falada e escrita, característica do Modernismo.
Ele propôs o uso do verso livre e o desapego às formas antes cultuadas pelos autores parnasianos. Assim, Manuel Bandeira usa uma linguagem voltada para o coloquialismo, justamente repudiando o exagero da sintaxe e da erudição. Algumas características pertinentes ao poeta modernista no poema:
No diálogo: - “Diga trinta e três... respire...” Ele usa uma linguagem livre, sem rimas e formas comuns de expressão.
No trecho: - “Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.” Quando o médico lhe dá o diagnóstico, o máximo que poderia ser feito é esperar a morte com uma música fúnebre.
“Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.” Refletem aspectos de sua vida relatando os sintomas da doença.