Estudos Culturais e do Género
Intr odução à mesa temática “Estudos cultur ais e de Géner o”
Cláudia Álvares
Maria João Silveirinha
A mediatização e a culturalização permitiram novas formas de pensar a modernidade, as suas esferas e os seus sujeitos, tendo dado lugar a análises da produção da cultura e das formas pelas quais os sistemas dominantes de produção não só estruturam e constróem conteúdos e efeitos discursivos de sentido, como os estendem ao próprios sujeitos dessas formas culturais. Foi em torno dessas análises que se criaram novos campos do saber com grande afinidades entre si, como os estudos culturais, os estudos de género e, naturalmente, os estudos de comunicação.
A história dos estudos culturais tem percorrido caminhos diversos, desde que o campo se estabeleceu na GrãBretanha no final dos anos 70. A influência de Richard Hoggart sobre os estudos britânicos (visível em autores pioneiros como Raymond Williams, mas também Stuart Hall e Paul Gilroy) incluía um olhar politicamente comprometido com a esquerda, criticando a cultura popular como uma cultura de massas produzida pelo sistema capitalista e absorveu muitas das ideias da Escola de Frankfurt sobre as indústrias culturais. O esquema marxista aplicado ao campo cultural implicava sobretudo uma análise dos sistemas de produção de significado, onde a questão do poder surgia sobretudo do lado dos produtores de artefactos culturais. Outras abordagens mais recentes aos estudos culturais afastamse de uma visão rígida e determinista e concentramse igualmente nas audiências. A ligação à comunicação é evidente nas análises das práticas culturais do quotidiano, mas alguns autores vêem nestas análises das audiências um afastamento preocupante das questões da economia política que começaram por caracterizar os primeiros estudos (Garnham, 1995).
Uma boa