Estudo
Em janeiro de 1998 iniciei uma pesquisa com o objetivo de analisar as representações de gênero, presentes nos discursos de homens e mulheres das camadas médias urbanas do Rio de Janeiro. Busquei analisar, comparativamente, as expectativas, os desejos, as dificuldades, os arranjos conjugais e comportamentos sexuais de homens e mulheres deste segmento social. Desde 1987 venho desenvolvendo pesquisas que têm como foco a questão de gênero, família, conjugalidades, sexualidade, infidelidade e desvio. Na minha pesquisa atual procuro retomar os temas sobre os quais tenho refletido ao longo desses anos através de um novo caminho metodológico e com novas questões que surgiram a partir das transformações nos papéis de gênero ocorridas na sociedade brasileira, particularmente nas décadas de 1980 e 1990. Com a preocupação de ampliar o espectro de meus estudos sobre gênero desenvolvidos anteriormente, por meio de entrevistas em profundidade e observação participante, elaborei dois questionários focalizando as representações sobre ser homem e ser mulher, os modelos ideais de casamento, as diferentes experiências de relacionamentos afetivo-sexuais, entre outras. Um total de 1279 indivíduos responderam aos dois questionários, sendo 444 homens e 835 mulheres, na faixa etária de 20 a 50 anos, moradores da cidade do Rio de Janeiro, com renda familiar mensal superior a R$ 2.000,00, estudantes universitários ou com o terceiro grau completo. Neste artigo trarei algumas reflexões iniciais em torno das respostas dos pesquisados às seguintes questões: Quais são as representações masculinas e femininas sobre o modelo ideal de família e de casal e sobre os principais problemas enfrentados em um relacionamento conjugal? Existe, para o grupo pesquisado, um modelo ideal de relacionamento? Quais são os conflitos e as contradições, nos discursos dos informantes, entre o desejado e o vivido?
“Crise” da família ou “novas” famílias?
Se tomarmos o