Estudo sobre Hamlet
A grande questão que levou à tragédia da peça foi o conflito interior de Hamlet. A tragédia não surge de impulsos exteriores, daquilo que acontecia ao redor do personagem, mas sim, de sua subjetividade. Se Hamlet não tivesse divagado tanto sobre matar o tio ou não, se tivesse agido por impulso, logo no início da trama ele teria matado o irmão de seu pai, por vingança, mas desta forma não haveria todo o ambiente confuso e instigante, criado pelo protagonista no decorrer do espetáculo. As hesitações e auto reprovações de Hamlet aparecem no desenrolar do drama. Ao mesmo tempo em que ele sofre pela demora em vingar seu pai, em tomar a decisão correta, ele tenta se justificar alegando para si mesmo a falta de provas mais concretas. Ele não se contenta com as revelações feitas por um espectro, de cuja procedência tem dúvidas. Como confiar em algo que não era nem do céu e nem da terra? Era de outro mundo, mas de onde vinha? A melancolia de Hamlet impede suas ações, ele se desilude com o mundo a partir do momento em que se depara com a atitude prematura de sua mãe em relação ao falecido pai, um ato de descaso. Mas por outro lado, também é próprio de um intelectual, como Hamlet, a hesitação. Ele não age por impulso, calcula cada passo, arquitetando estratagemas para alcançar seu objetivo. Ele pensa, e pensa muito antes de tomar qualquer atitude, e divaga sobre suas dúvidas e anseios a respeito da vida e da condição humana; a sociedade que o cercava à época. Em Hamlet, as mulheres são a imagem da submissão e da obediência. Gertrudes e Ofélia não questionam o que é imposto a elas. Ofélia representa a doçura e a ingenuidade esperadas em mulheres daquele período. Ambas as personagens femininas obedecem às ordens dos homens, mostrando a submissão em que a mulher era tratada, nunca respondiam por suas próprias decisões. Gertrudes, entretanto, apresenta uma sensualidade e paixão que eram qualidades desconhecidas para Hamlet, um homem frio.