Estudo de caso
A paciente “M.A.”, 52 anos de idade, casada, mãe de oito filhos, chega ao serviço público de psicologia do município, acompanhada da sua filha mais velha. No primeiro momento, apenas a filha fala, permanecendo a paciente imóvel, silenciosa, com olhar assustado e desconectada com o que se passava a sua volta.
No relato da filha, obtivemos os seguintes dados: A paciente, há sete dias, tem sentido dificuldades para dormir, se recusa a alimentar-se, alegando ter veneno na sua comida, não consegue mais realizar suas atividades diárias, e quer estar todo o tempo na Igreja.
Buscando uma aproximação com a paciente, nos deparamos com o seguinte discurso: “Eu não sei porque, mas as pessoas estão querendo me matar... A minha maior tristeza é perceber que conseguiram jogar até minha família contra mim. Eles fazem armadilhas pelas ruas, me vigiam o tempo inteiro, colocam remédio prá eu dormir na minha água, querem que eu desapareça desse mundo. Sei que você sabe bem do que estou falando e posso sentir que já passou por isso também... Não me querem viva... Não me querem bem...”
Não consegue fornecer dados a respeito do local onde mora, havia esquecido seu endereço e data de nascimento, mas lembra do seu dia-a-dia e de fatos da sua infância sofrida, onde “trabalhava na roça e era espancada” por seu pai alcoolista. Ao relatar estes fatos, a filha comenta que a mãe nunca morou no sítio e que havia perdido seu pai quando ainda tinha dois anos de idade. Neste momento, a paciente irrita-se e comenta: “ela inventa coisas, Doutor, para o senhor pensar que estou louca e me prender, mas lembro de tudo, me lembro muito