Quase todos os brasileiros consideram a Petrobrás uma empresa exemplar. Além dos diversos projetos ambientais e sociais que desenvolve por todo o Brasil, ela conseguiu a proeza de ter a sua imagem associada a algumas das melhores produções culturais do país. Uma empresa daquele tipo raro, que faz com que a gente tenha orgulho de ser brasileiro. E motivos para isso não faltam. A tão propalada auto-suficiência de sua produção de petróleo, em 2006, e a recente conquista do título de "petroleira mais sustentável do mundo" são apenas dois motivos, de uma vasta lista de possíveis exemplos, que despertam este tipo de sentimento inconsciente coletivo. No entanto, em outros países, como a Colômbia, o Peru, a Bolívia e a Argentina, dentre outros, a imagem da Petrobrás é o oposto do descrito acima. Este texto detém-se no que ocorre bem perto daqui, em um país vizinho, onde mais de 50% da população sobrevive com um dólar por dia. No Equador, a Petrobrás é criticada pela exploração indevida dos recursos naturais e por desrespeitar a soberania, não só de seu povo, mas da própria nação como um todo. Por esses e outros motivos, um grupo de organizações e movimentos sociais equatorianos insiste há alguns anos para que a companhia petroleira saia de seu país. Em fevereiro, o Procurador do Equador, Xavier Garaicoa, solicitou ao governo que anule o contrato que autoriza a Petrobrás a extrair cerca de 35.000 barris de petróleo por dia, por causa de uma transferência ilegal de ações para a japonesa Teikoku Oil. A companhia brasileira teve até 10 de abril para se explicar. Ainda pesa contra a Petrobrás o fato de estar operando em uma Unidade de Conservação localizada em uma das áreas de maior biodiversidade do mundo, considerada Patrimônio Natural da Unesco e território do povo índigena Huaorani e de outros três povos isolados (Tagaeri, Taromenane e Oñamenane). Estas duas posturas, radicalmente diferentes, nos levam a indagar: afinal, qual é a verdadeira "cara" da Petrobrás?