Estudo de caso de transtorno de personalidade
Vanessa começou seus rituais ainda criança, mas não se lembra exatamente quando começou. Sabe que tinha pensamentos estranhos e que tinha que realizar certos rituais para que esses pensamentos a deixassem um pouco mais sossegada. Não eram vozes que mandavam ela fazer coisas que ela não queria, eram pensamentos mesmo, oriundos de sua própria mente e que, apesar de desafiar o lógico, faziam com que ela sentisse a necessidade de tocar em tudo o que via para que esses pensamentos não se tornassem realidade.
Ela começou tocando nos postes enquanto caminhava até a escola. Não eram todos, somente quando vinha um pensamento que sua mãe morreria ou poderia ter câncer é que ela tocava no 1o poste que via pelo caminho. Se o poste estava do outro lado da rua ela se via obrigada a atravessar a rua para tocar nesse poste. Quando ela tentava resistir, uma grande aflição atordoava sua mente. O ritmo do coração acelerava e junto dele os pensamentos de morte aceleravam também. Era como se ao se recusar a tocar no poste ela tivesse cortado o fio errado da bomba relógio que estava presa ao corpo de sua mãe e a contagem regressiva tivesse acelerado. Mais que depressa ela voltava para tocar naquele poste e a contagem regressiva parava.
Com o tempo ela foi tocando em outros objetos também além dos postes. Tocava no paralelepípedo da rua, voltava o caminho só para tocar na lombada que ela havia acabado de passar, tocava nas folhas e flores das árvores. Esse ritual também era realizado dentro de casa e ela sentia necessidade de tocar na vasilha com a comida do gato. Se fosse hoje Vanessa não sofreria tanto com a ração para gatos mas naquela época sua mãe costumava cozinhar sardinha e misturar ao pão para dar aos gatos e ela mergulhava seu dedo naquela mistura húmida e morna que os gatos comiam até tocar o fundo da tigela. De tanto fazer isso seus dedos ficavam com um aroma que atraia vários gatinhos (literalmente). Nas épocas de maior