Estudo de caso cremer
A origem das dificuldades da Cremer pode ser encontrada nos problemas econômicos que se seguiram ao período de euforia do consumo do Plano Real. No ano da implantação do Plano, 1994, os negócios iam a um ritmo bom. Devido ao aumento da renda e do consumo da população decorrente da estabilização da moeda, a empresa produzia e vendia tanto que chegou a criar turnos adicionais para dar conta da demanda aquecida. No ano seguinte, o ambiente econômico no país mudou. As vendas caíram e a empresa teve que demitir um quinto do pessoal, diminuindo seus efetivos de 2.655 para 2.144 funcionários. Os problemas começaram a acumular-se. O custo das indenizações somou-se a uma alta expressiva da principal matéria prima da empresa, o algodão, e a um surto de inadimplência que aumentou de 11% para 22% os atrasos de pagamentos superiores a 15 dias. Começavam os ajustes. Um primeiro movimento mais forte de adequação da estrutura da empresa ocorreu em 1996. A fabricação de toalhas foi desativada, foi necessário fazer mais um corte de pessoal e iniciou-se uma operação de limpeza das finanças. O remédio não foi suficiente. Em 1997, a empresa estava soterrada em mais de R$ 100 milhões em dívidas, com as margens de lucro estranguladas e em crédito. Em setembro, no auge da crise financeira, a gestão foi entregue à Applied, uma empresa de consultoria especializada. A mudança da gestão foi uma condição imposta pelos bancos e credores da Companhia de Blumenau, liderados pelo Bozano Simonsen. A Applied trazia na bagagem trabalhos de reestruturação bem sucedidos. A consultoria havia trabalhado na reorganização dos bancos BANERJ e Meridional quando estavam sendo preparados para a privatização e realizara trabalhos desse tipo também em grandes empresas industriais como a Companhia Siderúrgica de Tubarão e a Embraer. Ao debruçar-se sobre a Cremer e seus problemas, a questão primordial para a Applied era descobrir se ela continuava sendo, de fato, uma empresa viável.
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