Estudo das controvérsias
Um enigma continental desafiava intérpretes de uma nação em vias de construção. O Brasil aparecia como uma incógnita imerso numa miríade climático-racial. Entre o “estilo tropical” e o “festival de cores” é possível perceber diversas projeções para o país vindouro. Dentre elas destacamos três interpretações controversas: o colérico polemista Sílvio Romero (História da literatura brasileira, 1888), o pessimista radical Nina Rodrigues (As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil, 1894) e a proposta de uma leitura não-racialista de Manoel Bomfim (América Latina. Males de origem, 1905). Três projetos de nação, três espaços de ciência.
O material levantado neste trabalho é precipuamente a produção científica destes intelectuais, dentre livros e artigos publicados. Partindo da análise do discurso, procuramos buscar nas controvérsias acerca das interpretações científicas de Brasil as relações de força no campo intelectual brasileiro da virada do século XIX para o XX. Desta maneira, percebemos uma leitura racialista otimista em Sílvio Romero, que vê no branqueamento via imigração e miscigenação da população brasileira a possibilidade da nação; Nina Rodrigues lança mão de outra abordagem, um racialismo pessimista que condena a nação em pleno processo de miscigenação e, por conseguinte, de degeneração; e, por fim, Manoel Bomfim interpreta o passado da