O homem é, por natureza, “um animal social e político” (zoon politikon). “Aquele que não precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é um deus, ou é um bruto (selvagem)”, são afirmações atribuídas ao filósofo grego Aristóteles e encontram-se na obra A Política (2002). Também é lapidar, neste sentido, a afirmação da filósofa Hannah Arendt, constante na obra A condição humana (1995, p. 31), enaltecendo o caráter social e político do homem: “Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um eremita em meio à natureza selvagem, é possível sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de outros seres humanos”. Essas citações ressaltam que nenhum de nós é uma ilha, que necessitamos e carecemos da presença do outro para a nossa realização e, mais ainda, toda ação do homem depende, inexoravelmente, da presença de outros. Seguindo o pensamento de Aristóteles, não basta a convivência em sociedade para caracterizar nosso aspecto social e comunitário, pois desta forma também vivem as formigas e as abelhas. O que, então, pode nos diferenciar dos outros seres do mundo? Aristóteles aponta para a conotação racional do homem, a utilização peculiar do pensamento (logos) para a construção e transmissão do conhecimento. Adverte o filósofo que “todos os homens têm o desejo de saber”, pois só o homem conhece e tem consciência de si mesmo. Além do aspecto racional, o homem diferencia-se dos demais seres pelo senso ético (bem e mal, certo e errado), senso estético (culto ao belo) e, o mais importante de todos, por viver na cidade (pólis), pela politicidade (vida cívica). Sendo assim, O homem foi feito, assim, para a vida da cidade (bios politikós, derivado de pólis, a comunidade política), ou seja, o fim último do homem é viver na pólis, onde se realiza como cidadão (politai), manifestando a sua natureza, o termo de um processo de constituição de sua essência, a sua natureza. Então, é próprio do homem não apenas viver em sociedade, mas viver na