Estudante
PARTE I - QUESTÕES CLÍNICAS BEM CONSTRUÍDAS
Este primeiro de três artigos, aborda a dúvida que surge no atendimento do paciente, e como ela pode ser transformada em uma questão clínica bem estruturada, que facilite a busca em fontes de informação.
A dúvida no atendimento ao paciente
Em reuniões de trabalho do Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira e
Conselho Federal de Medicina, discutiu-se as dificuldades do médico admitir e reconhecer as suas próprias dúvidas no atendimento ao paciente. Os principais elementos envolvidos como fatores limitantes na admissão da dúvida foram identificados como: * Medo de se expor - sem o autoconhecimento e sem o conhecimento do paciente, o profissional evita expor as suas limitações de conhecimento da doença, temendo a reação ou rejeição do paciente quanto a sua conduta; * Falta de experiência - a experiência envolve o processo necessário principalmente em situações complexas de decisão, onde a urgência é o fator limitante. Nestas situações o médico age de modo sobretudo tácito e os conhecimentos explícitos adquiridos muitas vezes são pouco utilizados. A dúvida não pode ser reconhecida abordando-se apenas as evidências científicas; * Arrogância e prepotência - para se reconhecer a existência da dúvida é necessário o entendimento de que não se sabe tudo, e que é possível compartilhar a responsabilidade pela conduta com o paciente; * Não escutar, nem se colocar ao lado do paciente - o princípio de que a decisão depende essencialmente do conhecimento explícito adquirido, e que portanto independe do momento e em quem o conhecimento é aplicado, subestima a influência dos componentes tácitos, dificultando a admissão da própria dúvida; * Formação acrítica - o modelo de aquisição do conhecimento, através da via de mão única, “bancária” sem o devido tempo e estímulo para a reflexão, impede e desestimula a existência da dúvida.
O ideal da prática clínica