Estudante
CAPÍTULO XIV
A Chamada Acumulação Original
Karl Marx
Transcrição autorizada | |
Primeira Edição: K. Marx, Das Kapital. Kritik der politischen Oekonomie, Erster Band, Hamburg, 1867.
Fonte: . Obras Escolhidas em três tomos, Editorial"Avante!"
Tradução: José BARATA-MOURA e Álvaro PINA (Publicado segundo o texto da 4." edição alemã de 1890. Traduzido do alemão(1*).).
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo, agosto 2008.
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Editorial "Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo, 1982.
-------------------------------------------------
1. O Segredo da Acumulação Original
Viu-se como o dinheiro é transformado em capital, como por meio do capital se faz mais-valia e da mais-valia se faz mais capital. Entretanto a acumulação do capital pressupõe a mais-valia, a mais-valia a produção capitalista, esta porém a existência de massas maiores de capital e força de trabalho nas mãos de produtores de mercadorias. Todo este movimento parece, portanto, girar num círculo vicioso, do qual só saímos subpondo [unterstellen] uma acumulação “original” (“previous accumulation”(1*) em Adam Smith) anterior à acumulação capitalista, uma acumulação que não é o resultado do modo de produção capitalista mas o seu ponto de partida.
Esta acumulação original desempenha na economia política aproximadamente o mesmo papel que o pecado original na teologia. Adão(2*) deu uma dentada na maçã, e deste modo o pecado desceu sobre o gênero humano. A origem daquele é explicada ao ser contada como anedota do passado. Num tempo remoto havia, de um lado, uma elite diligente, inteligente, e sobretudo frugal, e do outro uma escumalha preguiçosa, que dissipava tudo o que tinha e mais.
A lenda do pecado original teológico conta-nos, certamente, como o homem foi condenado a comer o seu pão no suor do seu rosto; a história do pecado original econômico, porém, revela-nos como é que há pessoas que