Estudante
Doutora Adalgisa Arantes Campos
(profa. da Universidade Federal de Minas Gerais, Investigadora do CNPq, membro do Comitê Brasileiro de História da Arte)*
I. INTRODUÇÃO:
Enfocamos a morada das classes médias e subalternas, em um momento preciso do crescimento da urbe e da renovação de construções já existentes, ou seja, entre o último quartel do oitocentos, ocasião do advento da abolição da escravidão (1888) e da Proclamação da República Brasileira (1889), ao primeiro quartel do século XX, que assinala a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial e sua definição como país de industrialização incipiente e de vocação agro-exportadora. Nesse recorte temporal, convencionado culturalmente como Belle Epoque, ocorre, grosso modo, uma retomada interna do dinamismo econômico através da indústria alimentícia, têxtil, atividade agropecuária e aquelas voltadas para o abastecimento regional, estimuladas pelo do surto ferroviário que passa a interligar várias localidades brasileiras[1]. No Rio de Janeiro, capital brasileira, ocorriam no mesmo período modificações arquitetônicas e artísticas introduzidas com a Chegada da Família Real nela estabelecida, desde 1808, em razão da invasão napoleônica de Lisboa e, posteriormente, pela vinda oficial da Missão Artística Francesa, liderada por Joaquim Lebreton (1816) da qual participara Grandjean de Montigny, arquiteto que teve carreira longeva, formando inúmeras gerações de estudiosos[2]. Dom Pedro II (1831- 1889), manifestou-se como mecenas e protetor da Escola Imperial de Belas Artes, instalada em 1826, após percalços conjunturais e de natureza política[3]. Portanto, em relação ao período colonial, bastante fundamentado no mecenato do clero regular (ordens primeiras e segundas), clero diocesano, irmandades leigas e ordens terceiras, e pelas obras encomendadas pelo Senado da Câmara, os tempos mudavam. Tinha-se agora