estudante
Aurea Maria Lowenkron*
RESUMO
O artigo se propõe a discutir as relações entre clínica e pesquisa psicanalítica, considerando seu objeto, método e objetivos. Propõe a contextualização de postulações contraditórias de Freud com respeito às relações entre clínica e pesquisa. Se ele afirma que o tratamento e a pesquisa coincidem, então o analista não poderia ser neutro, no sentido de não ter objetivos nem fazer na clínica um approach ateórico, exclusivamente empírico, no processo psicanalítico. Pelo contrário, o psicanalista não pode ser neutro, porque é parte ativa na construção do campo, pois lhe cabe instaurar as condições metodológicas que permitem a análise, começando por enunciar para o paciente a regra fundamental da psicanálise e, por seu lado, mudar a posição de atenção voluntária pela de atenção flutuante. Além disso, o psicanalista conduz o trabalho de acordo com o objetivo de investigação do inconsciente e é norteado por premissas teóricas que serão modificadas pelo que emerge da fala do paciente no campo transferencial. Na parte final do trabalho, é apresentado um exemplo de investigação clínica em psicanálise sobre uma tentativa de suicídio na infância.
Palavras-chave: Psicanálise.Clínica psicanalítica.Pesquisa.
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Membro Efetivo da SBPRJ. Doutora em Ciências da Saúde pela UFRJ. Profa. da UFRJ.
Muitos psicanalistas limitam sua atividade de investigação à prática clínica nos consultórios sendo que, da imensa massa de material produzida nesse espaço, só uma parte muito pequena é publicada ou comunicada em encontros científicos. “Por diversas e compreensíveis razões, análises quase nunca se publicam”, escreve Fabio
Herrmann (2004), em um texto no qual defende a necessidade de “trazer de volta ao mundo do debate científico a investigação quotidiana de milhares de analistas”, assinalando que, além do trabalho clínico, o método interpretativo pode ser estendido ao sentido psíquico do