Estudando a família em desenvolvimento: desafios conceituais e teóricos
Universidade de Brasília
Estudando a família em desenvolvimento: desafios conceituais e teóricos
RESUMO
Estudar a família em desenvolvimento em contextos sociais e culturais em constantes transformações constitui um desafio para os pesquisadores da área de Psicologia do desenvolvimento familiar. Este artigo tem como objetivo descrever o contexto em que viviam as famílias brasileiras quando o Questionário de Pai Ideal foi aplicado a jovens universitários participantes da pesquisa de Pasquali. São destacadas a estrutura e as relações parentais e de gênero que caracterizaram as famílias na segunda metade do século XX . A teoria sistêmica e a definição ecopsicológica de família são apontadas como caminhos promissores para orientar as pesquisas sobre o funcionamento familiar e as concepções atuais de família, mãe e pai.
Palavras-chave: Família, Teoria sistêmica da família, Relações parentais, Concepções de pai e mãe.
Estudar a família não é tarefa simples. Há 30 anos, ao investigar as concepções de pai e de mãe ideais de jovens universitários brasileiros, na tentativa de responder à pergunta “o que os filhos esperam que o pai seja?”, Pasquali (1980) já reconhecia a complexidade dessa tarefa. Desde então, muita coisa mudou, não só nas sociedades ocidentais contemporâneas e, em consequência, na estrutura e no funcionamento das famílias, como também nos modos de pesquisar. A percepção dos 98 jovens universitários (25 do gênero masculino e 73 do gênero feminino), provenientes de famílias com pais vivos, em sua maioria, com mães que trabalhavam no lar e pais que eram funcionários públicos ou profissionais liberais (professores, comerciantes, engenheiros), reflete, claramente, a concepção da família nuclear tradicional das décadas de 60 e 70.
Em seu estudo, a medida das atitudes dos filhos em relação aos pais que gostariam de ter foi coletada na efervescência das transformações nas famílias que caracterizaram a segunda metade do século XX.