Estruturas-antropológicas
Adilson Schultz
Objetivos da aula:
1. Reconhecer a relevância dos estudos antropológicos na análise social;
2. Estudar brevemente a história da antropologia;
3. Estudar o método da Antropologia Interpretativa a partir do texto “Um jogo absorvente: a briga de galos balinesa”, de Clifford Geertz;
4. Reconhecer “jogos absorventes” instituintes da sociedade brasileira.
Introdução
A análise das estruturas das sociedades contemporâneas precisa partir de um pressuposto básico das ciências sociais: o dado empírico é sempre transbordante em relação à teoria. O que isso significa? Basicamente duas coisas: a) significa que as análises dos fatos nunca se confundem com os fatos em si, esses sempre escapando das teorias; b) e que é necessário considerar como ponto de partida das análises sempre o vivido, o experimentado, o empírico.
Em nenhum outro lugar das ciências sociais a relevância do fato vivido pode ser tão real quanto na antropologia. Por isso os temas preferidos da antropologia serão cultura, diferença, poder, ritos, otridade, etc; enfim, tudo o que pode ser descrito como real. Tome-se como exemplo a questão da otridade, neologismo através do qual se faz referência à interpelação do indivíduo pelas outras pessoas. De forma lapidar costuma-se dizer que “é a outra pessoa que me faz pessoa.” Ou seja: eu só tenho consciência de mim mesmo a partir do que a outra pessoa diz que eu sou. Só através do olhar da outra pessoa é que descubro quem eu sou. Ela me lê. Por exemplo: uma mulher só tem noção de ser brasileira em relação a outra mulher que não é brasileira.
Eu só sei que sou brasileiro porque existe outro homem que não é brasileiro. É o outro que me faz.
Como se verá a seguir, a viagem pelos caminhos antropológicos pode revelar outro mundo por trás dos eventos aparentemente banais do cotidiano; como o real e o vivido podem revelar a teoria geral da sociedade. Será feito uma espécie de