Estimulação Precoce
A pequena cidade gaúcha de Ibirubá é um daqueles lugares onde o tempo parece passar mais devagar. Lá todas as famílias se conhecem, as pessoas se cumprimentam pelo nome e a população pode circular à vontade pelas ruas, com praças arborizadas e casas coloridas que ajudam a compor um cenário bucólico. Tamanha placidez foi abalada há três semanas, quando explodiu na internet um vídeo de sexo explícito cujos protagonistas eram moradores da cidade: A., um garoto de 14 anos, e K., uma menina de 11. Durante as férias escolares, numa tar de quente de fevereiro, o adolescente se reuniu com três companheiros da mesma idade para jogar videogame na casa de um deles. Não havia adultos no local, os pais do menino estavam trabalhando. Minutos depois, a menina K. ligou para um dos garotos, perguntando se poderia encontrá- los. Chegando lá, o casal foi para o quarto e chamou um dos amigos para filmar a "brincadeira" com o celular. Dias depois, o vídeo de 12 minutos vazava na internet e a inconsequência do gesto passou a ser de domínio público. A história que abalou o município de 19 mil habitantes choca pela tenra idade dos envolvidos e pelo conhecimento deles sobre um ato que requer maturidade física e psicológica para ser realizado com prazer e segurança. E ecoa no País como um alerta para a urgência de a sociedade refletir sobre o acesso das crianças a informações que estimulam a sexualidade precoce. O caso de Ibirubá tomou grandes proporções porque o vídeo foi parar na internet. Mas não é uma situação isolada. De acordo com dados do Ministério da Saúde, de 1996 a 2006 o percentual de garotas que perderam a virgindade até os 15 anos saltou de 11% para 33%. Nesta mesma faixa, 47% dos meninos já tiveram sua iniciação. "A erotização está começando cada vez mais cedo e de forma intensa", afirma a psicopedagoga Qué zia Bombonatto, de São Paulo. "A fase de