Estilo e subjetividade em textos acadêmicos: comparação entre resumos de dissertação da área linguística e da engenharia civil
Comparação entre resumos de dissertação da área Linguística e da Engenharia Civil
Daniel Martins de Carvalho[1]
RESUMO: Os estudos relacionados ao estilo são frequentemente mais dirigidos às áreas da literatura, em que a subjetividade do autor possui maior possibilidade de transparecer. Entretanto, Bakhtin (1997) entende que o que ocorre é uma diferente gradação de estilo entre diferentes gêneros. Assim, o presente trabalho tem o objetivo de comparar as marcas estilísticas e de subjetividade em textos acadêmicos, mais especificamente, de resumos de dissertações. Para isso, baseou-se nas teorias da enunciação e subjetividade de Benveniste (1988), nos estudos sobre estilo em Granger (Apud POSSENTI, 2008), nos estudos sobre gênero em Bakhtin (1997) e nas características de resumos normatizadas pela da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2003). A partir daí foi feita uma análise comparativa das marcas lingüísticas que revelam o estilo e a subjetividade de quatro resumos de dissertação, dois localizado na área da Linguística e dois, da Engenharia Civil. Como resultado, encontrou-se maior número de marcas estilísticas no resumo localizado na área da Linguística, comprovando, assim, a ocorrência e variação do nível de estilo em qualquer gênero, como proposto por Bakhtin.
Palavras-chave: estilo; subjetividade; resumo de dissertação.
INTRODUÇÃO
Resumos acadêmicos, assim como qualquer gênero dito acadêmico, são conhecidos pelo alto grau de impessoalidade e de rigidez no que diz respeito à disposição das unidades retóricas desse gênero. Isso se justificativa pelo propósito de textualizar o conhecimento científico da forma mais objetiva possível. Considerando os estudos de Émile Benveniste, no que diz respeito à subjetividade, Mikhail Bakhtin e, principalmente, de Gilles Gaston Granger e Sírio Possenti, em se tratando de estilo relacionado à subjetividade, passa a se observar que a