estetica
Tratar da relação entre Estética e literatura exige uma abordagem com um viés duplo: do ponto de vista da teoria estética a literatura sempre ocupou um local central. A Estética, desde seus primórdios – antes mesmo do surgimento propriamente dito da disciplina “Estética” no século 18 –, ocupa-se de textos da literatura. Já do ponto de vista da produção literária e da disciplina que a estuda, a teoria literária, a Estética aportou importantes idéias e deixou naquela última uma marca profunda, impossível de ser contornada.
Desde a Antiguidade greco-romana a teoria das artes foi pensada a partir dos tratados de poética. A reflexão sobre as imagens foi em grande parte derivada de uma análise de obras literárias. A Poética de Aristóteles teve um papel fundamental na reflexão sobre as artes, assim como sua Retórica e, posteriormente, tratados latinos de autores como Horácio, Cícero e Quintiliano. Poucos textos da Antiguidade se detêm na reflexão mais aprofundada das artes plásticas. Tratados como o Naturalis historiae, de Plínio, contêm uma incipiente história da arte, mas não podem ser comparados com o grau de complexidade da teoria poética alcançada então.
Os artistas plásticos do Renascimento não possuíam um acervo de regras e preceitos nem de longe tão rico quanto os vários tratados de retórica e de poética herdados da Antiguidade. Roger de Piles, no século 17, lamentava o fato de que tanto os tratados de pintura da Antigüidade, como também as próprias pinturas daquela época longínqua houvessem sido destruídos. Leon Battista Alberti, o primeiro pintor renascentista que resolveu diminuir essa desvantagem dos pintores diante dos poetas, baseou o seu De pictura (1435) em obras de oradores e teóricos da poesia antigos.
Em decorrência desse fato a própria concepção de pintura e de escultura será, de início, eminentemente lingüística. Se entre os teóricos da Antiguidade a