estetica so belo
A ESTÉTICA E O BELO por Márcio Benchimol Barros*
A Estética e o belo
1.1 Sentidos da Estética
Será mesmo necessário explicar o que é estética? Olhando assim, parece até que não… . Em todo lugar se fala em estética, e todos parecem muito seguros do que estão dizendo. As bancas de jornal estão cheias de revistas sobre estética; nas avenidas chiques da cidade há caras e não obstante lotadas clínicas de estética; aquela faculdade de odontologia ali adiante oferece especialização em estética dentária; e o moço da concessionária quer nos vender um carro gabando sua estética. Vamos a um barzinho universitário e um freguês, já relativamente
“alegre”, tenta impressionar os circunstantes comparando, cenho franzido e mãos no ar, a estética de Fellini com a de Pasolini. Saímos em viagem de férias, mas nem assim escapamos da palavrinha, pois agora já é o guia turístico a nos informar que nas igrejas da cidade predomina a estética neo-clássica…
É fácil ver o que isto tudo tem em comum: em todos estes casos o termo estética diz respeito à maneira como as coisas se apresentam aos nossos sentidos, e à maneira como elas nos impressionam, favorável ou desfavoravelmente, pela sua mera aparição diante de nós. Estética, poderíamos então concluir, tem a ver com a aparência imediata das coisas, em seu efeito de agrado ou desagrado sobre nós.
Isto está de acordo com o sentido original do termo grego aesthesis, do qual provém nosso vocábulo estética. Pois, em grego,
aesthesis diz respeito à nossa capacidade de receber impressões sensíveis dos objetos que nos cercam, nossa capacidade de sermos afetados, através dos cinco sentidos, por esses objetos.
Esse significado também está implicado no sentido filosófico de estética, que é, na verdade nosso alvo principal aqui – aliás, esse termo dá a impressão de ter trilhado um caminho oposto ao percorrido por tantos outros termos filosóficos: