estatologia

12854 palavras 52 páginas
Estatologia – Teoria do Estado nas Relações
Internacionais
“No simples conceito de uma coisa não pode ser encontrado nenhum caráter de sua existência.”
Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura
2.1 Origens, constitutividade e operacionalidade – os debates de primeira e de segunda geração: formalidade e substancialidade do
Estado
O Estado é o principal componente do amplo fenômeno personificado da interação internacional. Como peça-chave na relação sujeito-objeto, o Estado tem centralidade e prerrogativas unívocas que o distingue, de forma pontual, de outros atores internacionais.126 Não se pode conceber o estudo do Estado (estatologia) sem sua relação direta com o poder (cratologia) que será analisado no próximo capítulo
(Capítulo III). Na verdade, Estado e poder se confundem em sua lógica própria e intrínseca de cientificidade da política internacional. O Estado é meio e fim; o Estado é agente e paciente dos objetos complexos da vida externa e interna. O Estado nacional é criação relativamente recente no amplo dínamo histórico da humanidade. O Estado foi forjado na violência e, como tal, representa a priori a lógica de manifestação e materialização das forças sociais de profundo e longo alcance.128 O Estado nacional é o ente principal e norteador em termos de estática e dinâmica das
Relações Internacionais e é produto de um largo momento de transição do medievalismo para o renascimento humanista dos séculos XVI e XVII.
Teve como marco a secularização das relações políticas internacionais a partir de Westphalia (1648), cujo jogo de poder revelava o aprofundamento do fosso entre o poder temporal e o poder espiritual após a Guerra dos
Trinta Anos, formando o conceito do Estado soberano e estruturado em dinâmicas internas de formação nacional. A questão religiosa, no esteio das forças políticas dos Habsburgos, da malha de rivalidades dinásticas e das questões territoriais e econômico-comerciais subjacentes, tem papel

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