Estado penal e criminalização da pobreza
•Crise do Estado Social, que retira a ajuda social e encaminha as pessoas a um mercado de trabalho cada vez mais incerto e instável, reflexo da economia neoliberal;
• A dessocialização do trabalho, associada à transformação do Estado, que não se pauta mais pela lógica do "bem-estar social", cria uma sensação de insegurança constante;
“na ausência de uma rede social de segurança que seja viável, a juventude dos bairros populares, esmagados pelo peso do desemprego e subemprego crônicos, certamente continuará a procurar o “capitalismo de rapina” das ruas como meio de sobrevivência, para obter bens de consumo desejados e para alcançar os valores do etos masculino da honra, se não para escapar da privação cotidiana.” (Wacquant, 2007)
•À demanda da população por estabilidade, o Estado agora responde fornecendo polícia e políticas penais. O medo da violência, fruto da insegurança, legitima essa política.
"Assim, o Estado se faz presente reafirmando sua autoridade no campo penal para compensar a crescente impotência e ausência de poder do Estado em um campo social e econômico." (Wacquant, 2008)
A transformação do Estado de bem-estar social tira a legitimidade das campanhas políticas, "porque para que os políticos tenham seus voto, eles têm que oferecer serviços (...) já não podem garantir empregos nem assistência social, (...) para compensar a falta de legitimidade do estado, os políticos têm oferecido mais polícia, justiça criminal e prisões (2008)
“O projeto penal do neoliberalismo é muito mais sedutor e muito mais nefasto quando se infiltra nos países atravessados por profundas desigualdades de condições sociais e de oportunidades de vida, (...) Isto significa dizer que a alternativa entre o tratamento social da pobreza, suas causas e correlações, (…) e o tratamento penal, dirigido às frações mais disruptivas do (sub)proletariado e focado no curto prazo dos ciclos eleitorais e nos pânicos