Estado do homem na morte
Duas doutrinas presentes no cristianismo moderno se excluem mutuamente: imortalidade da alma e estado inconsciente dos mortos. A grande maioria dos cristãos crê que a alma continua viva em alguma dimensão imaterial, pois a alma é a parte imortal do ser humano, doada pelo sopro divino da Criação.
Uma outra parcela da cristandade, menor, crê que a imortalidade é uma dádiva condicional, e que o homem não a possui inerentemente. Estes crêem ainda que a morte é um estado de inconsciência semelhante a um sono sem sonhos, e que a alma permanece neste estado até ser despertada no momento da ressurreição.
Qual das duas correntes teológicas tem maior amparo bíblico? Qual dessas duas doutrinas pode ser advogada como aquela que Jesus e os apóstolos ensinaram?
O presente trabalho faz uma análise resumida acerca das duas teorias e apontará aquela que mais se harmoniza com o texto bíblico.
CAPÍTULO I
COMO A BÍBLIA VÊ A MORTE?
Morte – O que é?
A morte é o oposto da vida. Em termos mais definidos, a morte é considerada “o cessar da respiração e o fim da vida”. No Antigo Testamento, a morte é vista como mais que a cessação da vida física, “ela pode referir-se a qualquer coisa que ameaça ou enfraquece a vida ou a vitalidade, como pecado, doença, escuridão, água, ou mar”.
A referência clássica da Bíblia acerca do surgimento da vida humana está em Gn 2:7 – “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. A vida é demonstrada aqui como sendo a junção entre o “pó da terra” com o “fôlego da vida”, fazendo surgir a “alma vivente”, que é o ser humano.
Este “fôlego de vida” não está limitado às pessoas, pois há o relato de que os animais que entraram na arca de Noé possuíam o mesmo fôlego daqueles que ali não entraram (Gn 7:15 e 22).
O termo hebraico traduzido em Gn 2:7 como “alma vivente” é nephesh chayyah, também aplicado a animais marinhos, insetos, répteis e