Estado de Exceção

2862 palavras 12 páginas
“Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso sustentar fantasmas. A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome. Eis o que nos dizem: para superarmos as ameaças domésticas precisamos de mais polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade. Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho poderia começar, por exemplo, pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e do outro lado, aprendemos a chamar de eles”.

O presente trabalho se propõe a discutir as relações entre a figura do homo sacer – um antiga figura jurídico-política do direito romano, que era legalmente excluída do direito e da cidade, sem qualquer proteção legal sobre a vida – resgatada por Giogio Agamben, e sua vida nua – conceito de Walter Benjamin – bem como os dispositivos de segurança, instalados na sociedade brasileira contemporânea, que se focam na figura da polícia.
Para tanto, utilizaremos a análise que Agamben tece acerca dos escritos de Foucault, sobre a biopolítica e sua relação com a vida nua do homo sacer, bem como pesquisas e acontecimentos atuais acerca da violenta ação policial voltada para determinados setores da sociedade brasileira.
Além disso, será estabelecida uma relação dessas figuras com o poder ideológico midiático no controle sobre todos os aspectos da vida da população, com vistas na compreensão de como a mídia e a se apropria do discurso da segurança e espetaculariza a violência, banalizando-a, e ainda de como a indústria cultural, como vistas na homogeneização instala o conformismo e a aceitação da barbárie. Essas categorias nos ajudarão a elucidar o que vem a ser totalitarismo democrático, e como, por meio de alguns de seus aspectos, ele se inscreve no Brasil.
A noção de “vida nua”, enunciada acima, como já dito, é um termo cunhado por Walter Benjamin para quem a vida

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