Est Tica Em Plotino Patrick
Marcus Reis Pinheiro
Prof. Recém Doutor, UFRJ1
A filosofia de Plotino busca ir além da filosofia. Uma filosofia que caminha em meio à impossibilidade de dizer aquilo que é o mais importante, um discurso que ao falar procura conclamar para o silêncio. Neste combate, em que utiliza armas que deve abandonar – o próprio discurso –, a filosofia de Plotino se torna uma experiência apaixonada por aquilo que busca. A paixão pelo mundo Inteligível e, além deste, por aquilo que a tudo transcende, o Uno-Bem, é a tônica da obra de Plotino, e na medida em que a estética lida com o Belo, que é objeto do Éros, deve-se pensar toda obra de Plotino como uma estética.
No entanto, é bastante delicado afirmar, sem mais, que há uma estética em Plotino, mesmo sendo o Licoplitano2 particularmente conhecido pela sua contribuição aos questionamentos sobre a estética. Ao falarmos de estética em Plotino, não podemos deixar de lado o fato de que não há, na antiguidade, uma investigação que seja exclusivamente estética: ao se tratar sobre o belo e a arte, nunca se deixa de lidar com temas éticos, epistemológicos e ontológicos. Assim, veremos neste artigo o modo como Plotino lida com os temas da estética sempre nos remetendo às compreensões mais profundas de sua filosofia.
Como forma de generosidade, começamos este artigo apresentando algumas noções gerais das Enéadas e da metafísica de Plotino, que nem sempre são tão óbvias para qualquer leitor. A obra de Plotino foi editada por seu aluno Porfírio que a organizou em seis volumes com nove tratados cada um, e por isso, cada volume foi denominado Enéada (que contém nove), formando ao todo 54 tratados. De acordo com Porfírio, a organização das Enéadas é temática: a primeira lida com ética, a segunda e a terceira com Física, e as restantes seguem a ordem hierárquica da metafísica de Plotino, a quarta lida com a Alma, a quinta com o Intelecto, a sexta com o Uno. Para alcançar tal perfeição