Espiritualidade nas Relações
Ana Maria Tepedino
INTRODUÇÃO
Antes de iniciar minha reflexão desejo situar-me. Meu Locus Theologicus é de uma mulher branca, de classe média , com estudos teológicos universitários, que participa de experiências de espiritualidade com grupos diferentes, de diferentes situações sociais, culturais e étnicas.
Meu ponto de partida é minha própria experiência do Mistério, que sinto presente em mim e sinto presente nas outras pessoas, bem como na natureza. Sinto-me unida a tod@s, parte integrante do Universo. Confesso que esta nova consciência foi aparecendo aos poucos , através da vivência da espiritualidade, da convivência com grupos de espiritualidade distintos, e através de uma nova consciência ecológica.
Percebo que neste final de século, uma palavra parece reunir mulheres e homens de diversas tradições religiosas, de distintas experiências sociais. Esta palavra é
ESPIRITUALIDADE.
Falar de Espiritualidade é expressar através de uma linguagem afetiva uma experiência de relação, de interconexão, que proporciona sentido para a vida , pois é uma jornada desde nossa interioridade, desde o coração, não entendido de forma sentimental, mas como a metáfora da nossa capacidade para estabelecermos relações recíprocas, para estabelecer uma verdadeira intimidade com as pessoas e coisas, 1 atitude que parece ser a forma mais plena de amor, assim como o espaço para que o amor desabroche. O coração, no sentido semita, é a faculdade que integra as múltiplas dimensões da pessoa humana: corpo e espírito, inteligência e vontade, sentimento e imaginação. Esta jornada desde o coração é um mergulho em busca do próprio poço, donde jorra água viva que permite viver, conviver, descobrir sentido, amar, sonhar, curar-se, buscar força, coragem, energia, e desemboca num compromisso ético. A vivência da espiritualidade possibilita novas relações interhumanas e uma nova ordem mundial. Para fazer frente à globalização neoliberal se