Escravos na América nos séculos XVII e XIX
A obra é um amplo painel sobre as idéias relativas à administração dos escravos, surgidas nas Américas, entre os séculos XVII e XIX. Em um livro denso, pautado em um recorte temporal e espacial de considerável amplitude, o autor faz a análise de textos impressos que se preocuparam (de maneira direta ou não) com o tema da administração dos escravos e que prescreveram normas sobre o assunto.
O livro está estruturado em três partes: na primeira parte, o autor analisa a “Teoria Cristã do Governo dos Escravos”, corrente nas Antilhas Francesas e Inglesas, bem como na América Portuguesa, no período de 1650 a 1720; a segunda parte aborda a “Teoria Ilustrada da Administração de Escravos”, disseminada por todo o “Novo Mundo”; e, na terceira e última parte, analisa a aplicação da “Teoria da Administração de Escravos nos quadros dos Estados Nacionais” no Império do Brasil, em Cuba e na República dos Estados Unidos.
O foco central de sua análise são os diferentes textos referentes à administração dos escravos, mas as constantes alusões ao contexto histórico circundam e interferem na publicação destes documentos. Na introdução, após uma breve explanação sobre a historiografia e uma exposição sobre o objeto, o corte cronológico e as fontes de seu trabalho, Marquese apresenta os seus dois objetivos principais: o primeiro, “examinar de que modo os senhores e letrados que escreveram sobre a gestão escravista, [...] valendo-se das ferramentas mentais da economia política, propuseram uma série de mecanismos para aumentar a produtividade do trabalho escravo”; o segundo, “analisar como o principio da soberania doméstica [...] adequou-se tanto às formas políticas patriarcais do Antigo Regime como às formas liberais dos Estados Nacionais oitocentistas” (p. 13-14). Também na Introdução o autor reporta-se ao debate sobre escravidão e modernidade, evidenciando que a escravidão era compatível com o ideal de racionalidade econômica proposta pelo