Escravo
ESTUDOS AVANÇADOS 14 (38), 2000
5
Trabalho escravo no Brasil
DEPOIMENTO DE WALTER BARELLI
e
RUTH VILELA
promoveu especialmente para esta edição o encontro de duas personalidades importantes para o debate que se trava atualmente sobre o tema trabalho escravo no Brasil contemporâneo: o economista WALTER BARELLI, ex-ministro do Trabalho e atual secretário do
Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo e professor do
Instituto de Economia da Unicamp, e a procuradora doutora RUTH BEATRIZ
VASCONCELOS VILELA, que chefiou o serviço de Fiscalização do Ministério do
Trabalho e comandou o Grupo Executivo de Repressão ao Trabalho Forçado (GERTRAF). Eles estiveram juntos por mais de três horas na sede do
Instituto de Estudos Avançados da USP, no dia 17 de março, relatando ao editor-executivo de ESTUDOS AVANÇADOS, jornalista Marco Antonio Coelho, suas experiências pessoais e profissionais. A seguir o leitor poderá conferir o resumo das declarações desses especialistas.
E
STUDOS AVANÇADOS
ESTUDOS AVANÇADOS – As primeiras questões seriam as seguintes: como se apresenta, hoje, no Brasil, o trabalho escravo? Quais são as suas características, onde ele é mais freqüente E, também, queria adiantar a questão do endividamento forçado, e que tem levado exatamente ao estabelecimento de uma relação de trabalho escravo. Em seguida, pediria uma estimativa sobre a existência dessa relação trabalhista aqui no Brasil, no momento.
Walter Barelli – Acho importante dizer que a Ruth era da minha equipe, no Ministério do Trabalho. Acredito que facilitaria o entendimento se eu fizer um histórico. Esse tema foi levantado, no governo de Itamar Franco, com bastante força. Posteriormente tivemos diversas ações, com a criação de um grupo especial, no governo Fernando Henrique, de erradicação do trabalho forçado. O grande problema com que nos defrontávamos era uma denúncia internacional, feita pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em
Genebra, sobre o trabalho