Escravismo

11763 palavras 48 páginas
Escravismo Pleno e Escravismo Tardio.Clóvis Moura. Sociologia do Negro Brasileiro.
Estamos assinalando o centenário da Abo­lição do escravismo no Brasil. O fato leva a que possamos estabelecer uma série de ní­veis de reflexão sobre o que ocorreu em resultado da sua mudança para o chamado trabalho livre, as aderências históricas, sociais e cul­turais que permanecem em consequência de quase quatrocentos anos de trabalho escravo e os entraves estruturais que ainda persistem na sociedade brasileira em decorrência desse longo período traumatizante da nossa história.
Parece-nos que há, de fato, um atraso teórico muito grande na análise e interpretação do sistema escravista no Brasil e, especialmente, no detalhamento das suas particularidades em relação aos demais paí­ses da América. Arquitetamos um pensamento monolítico sobre as economias que foram criadas pelo mercantilismo e pelo colonialismo e não procuramos analisar, em cada caso particular, as suas singula­ridades mais importantes. No caso brasileiro, ao que nos parece, te­mos um conjunto de fatos que determinam não apenas a especificidade de certos aspectos relevantes do modo de produção escravista no Brasil em relação aos outros países da América, mas, também, em decorrència do seu longo tempo de duração, a permanência de traços e res­tos da formação escravista na estrutura da sociedade brasileira atual.
Consideremos o seu primeiro aspecto: a duração do escravismo até o ano de 1888. O significativo e relevante aqui não é apenas o tempo no seu sentido cronológico, mas as transformações técnicas, sociais e económicas que se operaram durante esse período na socie­dade brasileira em decorrência das modificações que se registraram na economia mundial da qual éramos dependentes. Do sistema colo­nial que determinou o perfil da primeira fase do escravismo brasilei­ro que vai até o ario de 1850 e, posteriormente, de 1851 até o término do escravismo, modificações profundas se verificaram na economia mundial que passou

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