Escravidão e capitalismo
IANNI, Octavio. Escravidão e capitalismo. In:__ Escravidão e racismo. São Paulo, Hucitec, 1978. p. 42 – 50
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7. LIBERDADE E MAIS-VALIA
“A ‘desumanidade’ da escravatura, segundo as leis de Deus e da burguesia, somente se instaura e desenvolve, de maneira irreversível, na consciência da burguesia ascendente, quando a acumulação de capital passa a ser comandada pelo processo produtivo.” (p. 42)
“[...] Ao dar-se conta de que o trabalhador livre corresponde a relações de produto mais propícias à produção de lucro – nas condições do capitalismo – senhor de escravos transforma-se num burguês; ou é forçado a transformar-se num burguês, para não ser ultrapassado pela empresa capitalista, organizada com base no trabalho livre.” (p. 42)
“[...] Quando a força de trabalho escravo começar a revelar-se obsoleta, na dinâmica do processo produtivo, da divisão social do trabalhado e da transição para a produção de mais-valia relativa, então o escravocrata é obrigado a transformar-se em empresário capitalista, associar-se com outros, ou abandonar o sistema produtivo.” (p. 42)
“Ocorre que o escravo era subjugado econômica, social e culturalmente aos interesses do seu proprietário. [...] Os custos de sua alimentação e abrigo estavam mais ou menos na mesma categoria dos custos de manutenção dos instrumentos e máquinas.” (p. 42)
“É claro que essa forma de ‘imobilização’ de capital em força de trabalho cria limitações ao desenvolvimento da produção. [...] o que implica novas e renovadas possibilidades de desenvolvimento das forças produtivas, incluindo-se aí a força de trabalho e a divisão social do trabalho.” (p. 44)
“[...] a concentração do capital [...] e a centralização do capital [...] que em gral ocorrem simultaneamente, implicam a elevação da composição orgânica do capital.” (p. 44)
“[...] Ao investi crescentemente em capital constante (máquinas, instalações,