Escravas Resistir e Sobreviver
Resistir e Sobreviver
Maria Odila Dias
As mulheres de origem africana que chegavam ao Brasil, retiradas de seus lares, para trabalhar em propriedades rurais como escravas, passavam por diversas dificuldades e violências e ainda tinham de viver em condições bastante precárias. Estavam em menor número em relação aos homens escravos e eram menos valorizadas do que eles, em razão destes terem maior capacidade de executar trabalhos pesados.
Antes mesmo de chegarem ao Brasil, as mulheres africanas já tinham uma vida bastante difícil, pois na África, ocorriam guerras onde capturava-se escravos que eram muitas vezes revendidos para outros países. Além disso, muitas jovens eram sequestradas para tornarem-se escravas.
Durante a travessia do mar, que podia durar de 15 até 60 dias, ocorriam muitas mortes causadas pela desnutrição, havendo também a possibilidade de ocorrer estupros. As escravas desembarcavam doentes e enfraquecidas, onde muitas chegavam a morrer no porto brasileiro.
As escravas africanas eram obrigadas a viver e trabalhar em propriedades rurais, obedecendo aos seus senhores e convivendo com outros escravos de diferentes etnias. A comunicação entre estes escravos inicialmente era difícil, pois falavam dialetos diferentes.
Os grandes proprietários não tinham nenhum interesse pelos filhos das escravas, pois achavam mais caro criá-los do que comprar meninos. As escravas não recebiam de seus senhores condições para cuidarem de seus filhos, tendo que levá-los consigo para a jornada de trabalho. Ainda durante a gravidez, essas escravas eram submetidas a castigos violentos e faziam as mesmas tarefas de antes de engravidar, chegando até a dar à luz no momento em que estavam trabalhando.
Em suas relações afetivas as escravas viviam sob o domínio dos parceiros que cultivavam um sentimento de posse e de ciúmes, onde muitas sofriam violências e chegavam a ser assassinadas pelos próprios companheiros. As uniões conjugais serviam como estratégia de