ESCOLHAS LEXICAIS DE OSWALD DE ANDRADE

DESENVOLVIMENTO
1) O autor e sua época
José Oswald de Sousa Andrade, mais conhecido como Oswald de Andrade, nascido na cidade de São Paulo, foi um dos grandes precursores do Movimento Modernista. Sendo um dos organizadores da Semana de Arte Moderna, apresentou suas pretensões literárias no evento. Dentre elas, Oswald visava construir uma linguagem mais fluida, sem os arcaísmos dos movimentos anteriores.
Nesse sentido o poeta se utiliza de uma série de recursos da informalidade em sua obra. Esses mecanismos conferem à linguagem características típicas do falar do brasileiro, estabelecendo assim, o que seria uma identidade nacional mais fiel à realidade.

2) A análise das escolhas lexicais do poeta
Para embasar a análise, serão utilizados alguns conceitos do gramático Evanildo Bechara. Esses foram postulados em seu livro Moderna Gramática Portuguesa, que logo ao início esclarece: “Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência.” (p.19)
O primeiro poema a ser analisado é o “Canto de regresso à pátria”: “Minha terra tem palmares/ Onde gorjeia o mar/ Os passarinhos daqui/ Não cantam como os de lá/ Minha terra tem mais rosas/ E quase que mais amores/ Minha terra tem mais ouro/ Minha terra tem mais terra/ Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá/ Não permita Deus que eu morra/ Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra/ Sem que volte pra São Paulo/ Sem que veja a Rua 15/ E o progresso de São Paulo.”
Nele nota-se uma paródia do famoso poema “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, escritor do Romantismo. Há na obra a quebra do idealismo romântico em “quase que mais amores”. O uso de “palmares” no lugar de “palmeiras” aponta para uma exaltação da diversidade do povo, neste caso, a população negra, uma vez que pode tratar-se do quilombo dos Palmares em vez de enaltecer a natureza. Outra “ironia” em relação ao romantismo