Escola e sociedade
Mário Sergio Cortella
Vamos nos deter um pouco sobre três dessas concepções que, grosso modo, representam posturas predominantes em vários momentos de nossa Educação e que, de alguma maneira, convivem simultaneamente (nas escolas e, muitas vezes, em cada um de nós).
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O otimismo ingênuo atribui à Escola uma missão salvífica, ou seja, ela teria um caráter messiânico; nessa concepção, o educador se assemelharia a um sacerdote, teria uma tarefa quase religiosa e, por isso, seria portador de uma vocação. Na relação com a sociedade, a compreensão é a de que a educação seria a alavanca do desenvolvimento e do progresso; a frase que resume isso é “ o Brasil é um país atrasado porque a ele falta Educação; se dermos Escola a todos os brasileiros, o país sairá do subdesenvolvimento”
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Tal posição predominou quase isoladamente até meados dos anos 1970, quando começou a ser abalada pela influência de uma análise mais contundente do fenômeno educativo.
Entra em cena, nessa época, uma outra concepção, apoiada na noção central de que a educação é, isso sim, a tarefa primordial de servir ao Poder e não a de atuar no âmbito global da sociedade e, por isso, não é nada mais do que um instrumento da dominação. A esta visão daremos o apelido de pessimismo ingênuo.
Por contraposição à concepção anterior, esta defende a idéia de que a função da escola é a de reprodutora da desigualdade social, com um caráter dominador; nela o educador é um agente da ideologia dominante, ou seja, um mero funcionário das elites. Dessa forma, por ser a sociedade impregnada de diferenças garantidas por um Poder comprometido, a relação da escola com ela é a de ser um aparelho ideológico do estado, destinado a perpetuar o “sistema”
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No início dos anos 1980 foi sendo gestada ma outra concepção que buscou resgatar a positividade das anteriores, procurando