Escola base
Baseado num único laudo que indicava que uma criança poderia ter sofrido abuso, porque tinha pequenas lesões no ânus, o delegado que apurava o caso (interrogando crianças sem auxílio de psicólogos) prendeu os pais de um aluno e indiciou as duas donas da escola e seus maridos.
Mesmo sem provas concretas, o delegado e duas mães de alunos passaram informações à mídia que as divulgou sem a prévia apuração da veracidade dos fatos. Em razão da exploração sensacionalista das denúncias, a repercussão foi devastadora. Os acusados chegaram a temer linchamento, apesar de se declararem inocentes.
Diante da fragilidade das provas, a justiça mandou outro delegado assumir o inquérito. Três meses depois, as novas investigações provaram que tudo não passou de uma série de erros das mães, do delegado e da imprensa, que noticiou a versão que lhe foi passada sem questioná-la, chegando até a incentivar a violência física contra os acusados.
A casa em que funcionava a escola foi depredada na época das denúncias; os indiciados perderam seu negócio e tiveram de reformar o imóvel que era alugado, tomando dinheiro emprestado. Por fim, com as reputações destroçadas, não conseguiram reconstruir suas vidas cinco anos depois do episódio, apesar do fato de, em dezembro de 1999, o Tribunal de Justiça de São Paulo ter fixado uma indenização de cem mil reais por dano moral para cada uma das vítimas (a serem acrescidos de juros e correção monetária). O Tribunal também decidiu que os danos materiais seriam ressarcidos.
Questões para reflexão:
a) Quem não foi ético neste caso? Por quê?
b) Quais Teorias (responsabilidade/convicção) podem fundamentar as ações acima citadas?
A discussão acerca da ética no caso da escola base é muito mais culpa da