eros e civilização
HERBERT MARCUSE1
Marilia Mello PISANI2
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RESUMO: Neste artigo apresentaremos uma importante idéia formulada por
Marcuse na segunda parte do livro Eros e Civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud (1955) – a hipótese da transformação não repressiva das pulsões em uma sociedade transformada. Marcuse preocupa-se com a
“transformação subjetiva” necessária à passagem do capitalismo para o “comunismo”, rompendo assim com um determinado “marxismo ortodoxo”. A “utopia” desenvolvida neste livro baseia-se na reinterpretação de algumas das principais concepções da teoria freudiana e caracteriza a originalidade de seu pensamento.
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PALAVRAS-CHAVE: Marcuse; Imaginação; Pulsões de Vida; Pulsões de Morte;
Memória; Utopia.
Introdução
A interpretação da teoria freudiana realizada por Marcuse em Eros e
Civilização tem como proposta a ortodoxia em relação às suas categorias e conceitos: isto significa que ele não pretende acrescentar concepções exteriores à teoria freudiana, mas manter-se fiel às suas categorias, observando a possibilidade de um desenvolvimento não-repressivo das pulsões a partir dos seus próprios conceitos.
1 Este texto é uma versão resumida do capítulo três da Dissertação de Mestrado (Marcuse e Freud: uma interpretação polêmica – um estudo de “Eros e Civilização”) defendida em 2002 no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de São Carlos-UFSCar sob a orientação de Wolfgang Leo Maar e com auxilio da Fapesp.
2 Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de São CarlosUFSCar sob orientação de Wolfgang Leo Maar e com auxílio do CNPq. Artigo recebido em set/06 e aprovado para publicação em nov/06.
Trans/Form/Ação, São Paulo, 29(2): 203-217, 2006
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Não estaremos interessados aqui em apurar se de fato Marcuse se mantém fiel ou se ele deforma as categorias da teoria freudiana. Nosso objetivo é limitado e bem preciso: saber