Equívocos do senso comum
Equívocos do senso comum
Eratóstenes Lima* e Renato Dagnino*
Intencionando uma abordagem clara e pragmática pretendemos, com uma série de pequenos artigos denominados “Série Equívocos do senso comum”, contribuir para o esclarecimento público acerca de temas de interesse coletivo, especialmente neste momento histórico em que a sociedade brasileira exibe seu clamor nas ruas por mudanças na ordem político-institucional.
Não pretendendo esgotar o tema, nesta primeira apresentação trataremos dos significados de “senso comum”, e de como a mídia, especialmente a TV aberta, pauta o conteúdo das discussões na sociedade, apresentando com seu insistente discurso uma cadeia de leituras e interpretações da realidade, “selecionadas e editadas” de acordo com os interesses dos grupos econômicos e políticos detentores desta cadeia de mídia, representada no Brasil por apenas nove famílias que, de forma absolutamente intencional, “desinformam” a sociedade a cada dia.
O Vocabulário técnico e crítico da Filosofia de Lalande apresenta, entre outras concepções sobre senso comum, uma que nos chama a atenção: [...] o senso comum é o conjunto das opiniões tão geralmente admitidas numa época e num meio dado, que as opiniões contrárias aparecem como aberrações individuais, que será inútil refutar seriamente e das quais é melhor rir, se forem fúteis, mas que será melhor debater seriamente se forem graves.
A definição do senso comum como o conjunto das opiniões tão admitidas numa época e num meio dado que as opiniões contrárias aparecem como “aberrações individuais” mostra a busca pela homogeneização das opiniões que circulam pelo social, sendo que o que sai do comum, as opiniões adversas são vistas como aberrações. E, por meio desse ponto de vista, observamos uma delimitação para que a configuração da heterogeneidade, para o espaço do diferente e aceitação deste, já que o que é visto como aberração é posto à margem da sociedade. Geertz (1983), diz que o senso