Epístola de Romanos
1. Introdução
A comunicação por carta era muito comum na época da escrita do Novo Testamento. Esse meio era facilitado pelo excelente sistema de estradas construído ao longo do Império Romano, que também garantiam proteção e viagens relativamente seguras entres as principais cidades do Império. A carta greco-romana típica da época era composta de endereço, saudação, corpo e conclusão. A epístola aos Romanos não é diferente, segue o mesmo padrão. Mas, aos poucos Paulo apresenta a carta não em caráter privado, mas como um representante do Senhor, inclusive inicia a sua carta na condição de servo de Jesus Cristo, separado para pregar o evangelho de Deus, saúda os irmãos, os amados de Deus, em Roma. Um servo de Jesus Cristo, literalmente um “escravo”. Se essa autodefinição saísse da boca de um grego, seria avaliada como um gesto de humildade exagerada, pois no helenismo o termo tinha um sentido quase exclusivamente desonroso. Mas neste texto fala um judeu, marcado pelo AT, o qual pode designar por meio desta palavra o serviço mais sublime, a saber, ser colocado no serviço pelo próprio Deus. Foi assim que Moisés, Josué, Davi e, sobretudo os profetas se chamavam “servos de Deus”.
Depois, em poucas palavras, demonstra o quanto se interessava por tudo que lhes dizia respeito, manifestando ao mesmo tempo o forte desejo que tinha de visitá-los, para lhes comunicar algum dom espiritual e para anunciar o evangelho àqueles que viviam na cidade, que, naquele tempo, era a grande capital do mundo. Ainda sobre a primeira frase da carta já aborda a visão que Is 52.7-9 tem para o mundo. No fim dos tempos Deus se expõe como nunca fizera e reverte vitoriosa e salutarmente o curso da humanidade a favor dele. “O teu Deus passou a reinar!”, jubilam ali os mensageiros da alegria, ou seja, os “evangelistas”. É assim que Paulo entende sua tarefa. Com essa definição fica claro que ele não chega a Roma como pessoa particular, não como um teólogo