Epílogos análise
-Epílogos, segundo dicionário “Melhoramentos”, significa conclusão, fim, remate.
1. Contexto histórico
Voltando ao Brasil, em 1682, Gregório de Matos encontra uma sociedade em crise (principalmente com a fome que se abatia sobre o povo baiano). A decadência econômica torna-se visível: o açúcar brasileiro enfrenta a concorrência do açúcar produzido na Antilhas e seu preço desaba. Além disso, uma nova camada de comerciantes (em sua maioria portugueses) acumula riquezas com a exportação e importação de produtos.
Em “Epílogos”, Gregório retrata a paisagem moral de Salvador, Bahia, a capital brasileira do período colonial.
2. Vocabulário
Socrócio: emplastro, alívio, bálsamo (o poeta usou-o no sentido irônico).
Círios: Saco de farinha (a grafia correta é ‘sírios’).
Simonia: Venda de coisas sagradas.
Unha: roubalheira
Caramunha: lamentação experiente.
Manqueiras: vícios, defeitos.
3. Estudo da obra
Cada estrofe inicia-se com perguntas retóricas, isto é, falsas perguntas que são logo respondidas pelo poeta. Esse procedimento parece dar um certo didatismo ao poema, didatismo reforçado pelo processo de disseminação e recolha, muito comum na poesia barroca.
Primeiro, as palavras se dispersam nos versos para depois serem recolhidas num mesmo verso. Assim há um tom conclusivo no final das estrofes. Conclusão que abrange desde valores morais (verdade, honra, vergonha), abstratos até os motivos concretos da degradação destes valores (negócio, ambição, usura) e seus principais agentes: pretos, mestiços, meirinhos, guardas, sargentos.
Além dos tipos sociais, Gregório de Matos denuncia as instituições, começando por El-Rei, que nos dá de graça uma “justiça corrompida”, e terminando com a igreja a quem acusa de simonia, inveja, unha. Também é implacável com os Frades, que a seu ver se ocupam de freiras, sermões e putas... Como vemos, do alto da pirâmide à ralé, dos “donos do poder” aos mestiços, todos são responsáveis, ninguém é poupado.
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