Epistemologia e aconselhamento
Duas palavras iniciais a respeito do aconselhamento são necessárias. Primeira, o aconselhamento é uma pratica que utiliza os instrumentais da ciência e fundamenta sua atividade nas verdades obtidas por eles. Ou seja, à prática do aconselhamento são necessários objetos de estudo, propósitos, investigações, testes, comprovação de resultados e um arcabouço de pressuposições para sustentação segura. Nisto está patente o fato de que aconselhamento é área que traz a epistemologia junto de si de um modo evidente e inexorável.
Segunda, o aconselhamento praticado dentro da esfera cristã tem suas variações no que diz respeito a propósitos, abordagens, métodos e pressupostos epistêmicos. Várias correntes concordantes em alguns pontos e divergentes em muitos outros são desenvolvidas e utilizadas no empenho de ajudar pessoas em seus desconfortos. Cada uma dessas linhas de aconselhamento cristão apóia-se em crenças das quais derivam seus conceitos e postulados.
Levando-se em conta estas colocações iniciais, este trabalho pretende destacar do contexto geral da prática do aconselhamento cristão, aquele empreendimento em particular que seja sustentado por uma epistemologia sólida e coerente. Para isso, ele se divide em duas partes. A primeira descreve os pressupostos epistêmicos do aconselhamento cristão que anseia ser genuinamente bíblico em seu conteúdo, abordagem e método. A segunda ilustra as dificuldades de um aconselhamento cristão construído sobre pressupostos em tensão a partir da apreciação do trabalho de Gary Collins. Este autor foi o escolhido por ser ele representante de uma epistemologia de aconselhamento que se tornou muito popular no meio evangélico a partir de meados do século passado (POWLISON, 1998, P. 159), e que ainda hoje exerce forte influência no aconselhamento cristão – o interacionismo. 2. O ACONSELHAMENTO BÍBLICO E SUA EPISTEMOLOGIA
2.1 O QUE É E PARA QUE SERVE
Em breves termos, aconselhamento cristão é uma atividade de ajuda