Epidemiologia
Jair de Jesus Mari & Miguel Roberto Jorge
Os levantamentos epidemiológicos populacionais realizados no Brasil apontam para uma prevalência de transtornos mentais aproximada de 30% na população adulta no período de um ano. Quando a prevalência de transtornos mentais é ajustada para os casos que demandam algum tipo de cuidado médico, chega-se a uma estimativa aproximada de 20%, ou seja, um em cada cinco adultos demanda algum tipo de atenção em saúde mental num período de 12 meses. Entre as mulheres são mais comuns os transtornos de ansiedade (9%), os transtornos somatomorfos (3%) e os transtornos depressivos (2,6%). Na população masculina a dependência ao álcool (8%) aparece como o problema mais importante, seguido dos transtornos de ansiedade (4,3%). Pode-se concluir que há, na população, concentração de ansiedade e depressão nas mulheres e de dependência ao álcool entre os homens. Os transtornos psiquiátricos são mais frequentes na população feminina, aumentam com a idade e apontam para um excesso no estrato de baixa renda.
Vários estudos epidemiológicos foram realizados em diferentes partes do mundo para avaliar a magnitude e a natureza dos transtornos mentais na clínica geral. As investigações que estimaram a morbidade pelas avaliações psiquiátricas padronizadas mostraram, em geral, maior frequência de transtornos mentais quando comparados com os estudos que se basearam na identificação realizada pelos clínicos. Cerca de 2/3 dos estudos que avaliaram morbidade com instrumentos padronizados colocaram a prevalência de transtornos mentais na clínica geral entre 27 e 48%. A mediana da prevalência encontrada é de cerca de 25%, casos esses que teriam gravidade semelhante à dos pacientes atendidos nos ambulatórios especializados em psiquiatria. Os transtornos psiquiátricos mais frequentes na clínica geral são os chamados transtornos psiquiátricos menores: transtornos de ansiedade, transtornos depressivos e