epidemilogia
Bases históricas da Epidemiologia
* Departamento de Medicina Preventiva da UFBA.
Naomar de Almeida Filho*
O presente ensaio tenta sistematizar uma série de informações esquemáticas sobre a história da Epidemiologia, a fim de compreender a sua evolução enquanto disciplina articulada ao desenvolvimento histórico dos principais movimentos sociais na área da saúde. Discute-se as raízes da Epidemiologia a partir do tripé Clínica-EstatísticaMedicina Social, o seu desenvolvimento inicial subsidiário à Saúde Pública, a sua constituição ideológica e o seu avanço técnico no bojo do projeto preventivista.
Finalmente, a Epidemiologia moderna é vista como uma disciplina que retorna às suas raízes históricas e políticas no movimento da Saúde Coletiva, opondo-se, a nível teórico, às pressões para torná-la um mero instrumento
"método-lógico " da pesquisa clínica.
Recebido para publicação em 06.03.85
A primeira medicina do coletivo é a Medicina Veterinária.
Foucault5 nos conta que a Academia de Medicina de Paris, fundadora da Clínica moderna no século XVII, organiza-se a partir da Ordem Real para que os médicos estudassem a epidemia que periodicamente dizimava o rebanho ovino, com graves perdas para a nascente indústria textil francesa.
Pela primeira vez, conta-se doenças no esforço de sua eliminação. Foucault não nos diz se os insignes doutores obtiveram algum resultado. O fato é que, em se tratando de humanos, a "ciência clínica" começa reforçando mais ainda o estudo do unitário, o caso.
No âmbito político, o século XVII testemunha o aparecimento do Estado moderno. Especificam-se os conceitos de
Estado, Governo, Nação e Povo. A idéia de que a riqueza principal de uma nação é o seu povo, aliada ao dado objetivo de que o poder político é o poder dos exércitos, faz com que seja necessário contar o povo e o exército, ou seja, o
Estado. A medida do Estado, a Estatística, o povo como elemento produtivo, o exército como elemento