envolvimento infantil no trafico
BBC: Trabalho infantil.
O antropólogo inglês Luke Dowdney, pesquisador do Iser (Instituto de Estudos Superiores da Religião) e do Viva Rio lançou no início do ano o livro “Crianças no Tráfico”, fruto de uma pesquisa sobre a participação de jovens no movimento e comércio de drogas no Rio de Janeiro.
Além de ser uma atividade ilícita, a OIT considera a participação de crianças e jovens no tráfico como uma das formas intoleráveis de trabalho infantil.
A pesquisa analisou entre 5 e 6 mil jovens armados e envolvidos com o tráfico no Rio de Janeiro. Segundo Luke, isso não representa nem 2% dos jovens na cidade, mas constitui um grande problema, já que o número de jovens envolvidos na luta entre traficantes aumentou muito a partir do final dos anos 80. “Isso reverbera em vários setores da sociedade”, diz o antropólogo, ”porque o nível de violência é altíssimo”.
Segundo Luke, o envolvimento de crianças no tráfico de drogas é apenas o sintoma de um problema muito maior, de exclusão social. Se esse problema não for tratado de forma articulada, diz ele, é praticamente impossível mudar a situação.
Leia abaixo a entrevista de Luke Dowdney à BBC Brasil.
BBC Brasil - O que leva essas crianças e adolescentes ao tráfico de drogas?
Luke Dowdney - Temos que ver que essa foi a única alternativa para a maioria dos jovens que a gente entrevistou durante a pesquisa.
A maioria dessas crianças disse que o tráfico é uma alternativa ao que eles recebem e não recebem da sociedade. Hoje em dia, o que a sociedade está negando a esses jovens infelizmente é oferecido pelo tráfico de drogas.
Identificamos uma série de pré-fatores. A questão da pobreza, obviamente, e a exclusão social desses jovens, a quem falta perspectiva de futuro.
A partir dos anos 80, temos também a questão da normalidade do tráfico. Ele virou a força que domina a ordem social da comunidade. Para um jovem de uma dessas favelas, é normal.
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